quarta-feira, 20 de agosto de 2008

As mulheres de TI

Thais Aline Cerioni

Médicas, advogadas, psicólogas, jornalistas, publicitárias, cientistas, artistas. São incontáveis as áreas em que as mulheres já conquistaram respeito e marcaram seu espaço como profissionais de destaque.
Entretanto, quando o assunto é tecnologia, a situação ainda não é tão igualitária. No Brasil, os dedos de duas mãos são quase suficientes para contar os principais nomes femininos no mercado de TI – tanto na indústria quanto na liderança da área de tecnologia das corporações. A experiência mostra que este quadro deve-se menos a uma possível falta de aptidão e mais a um vício cultural que torna senso comum que, se as mulheres não sabem sequer programar o DVD player, jamais poderiam ser a principal executiva de TI de uma grande corporação.
Preconceitos são fracos exatamente por serem construídos sobre imagens facilmente destruídas pela realidade. E é assim que as mulheres vêm conquistando cada vez mais cargos de liderança no setor de tecnologia da informação – a exemplo do que acontece nas demais posições executivas.
Levantamento realizado pela consultoria de recursos humanos Catho com mais de 95 mil companhias mostra que, atualmente, 20,2% das empresas brasileiras têm mulheres na presidência ou em cargo equivalente. O número representa um aumento significativo em relação a 2001, quando eram 13,9% as corporações comandadas por elas.
“Estatisticamente, o número de mulheres em diretorias ou gerências era mínimo ou quase zero há alguns anos, em qualquer profissão”, aponta Fátima Zorzato, presidente da empresa de executive search Russel Reynolds. Em sua visão, além das questões culturais, o crescimento deve-se à maior valorização de algumas características – notadamente femininas – em posições gerenciais. No mercado de TI, soma-se a isto a valorização de profissionais com perfis menos técnicos. “Entre os CIOs, a necessidade de se relacionar com os usuários, por exemplo, torna a sensibilidade um fator mais valorizado”, destaca.
Fátima, assim como diversas executivas do segmento, acredita que o avanço das mulheres no mercado de TI é uma questão de tempo. Com presença cada vez mais expressiva no setor e boa parte dos CIOs próximos à aposentadoria, são grandes as chances da próxima geração de líderes de tecnologia ser mais feminina. Se as executivas que vêm por aí seguirem os passos das que já se firmaram no setor, a tecnologia só tem a ganhar com esta tendência.
A participação das mulheres no mercado e suas características particulares motivaram a consultoria Gartner há quatro anos a promover encontros apenas com as CIOs mulheres. “No começo achávamos que seriam poucas interessadas, mas percebemos que algumas ações diferenciadas fez o número crescer de 20 para 80 participantes entre a primeira e a oitava edição [que acontece entre os dias 8 e 9 de março]”, explica a vice-presidente do Executive Program do Gartner, Ione Coco.
A executiva afirma ainda que o estilo de liderança é diferente, assim como o nível de estresse e a credibilidade. “Elas querem se reunir para discutir os assuntos do seu jeito e inclusive pedem para que eu não leve analistas homens aos encontros”, revela.


Fonte: www.uol.com.br

5 comentários:

Alexandre Gama disse...

Matéria relacionada:

Profissões de TI não conseguem atrair mulheres, diz pesquisa

Muito menos mulheres do que homens planejam orientar seu futuro profissional para as áreas de tecnologia da informação e telecomunicações. O motivo é, segundo recente estudo da Research In Motion (RIM), que a indústria não oferece modelos de cargos femininos que sejam suficientemente positivos.

De acordo com o estudo da RIM, a fabricante de dispositivos BlackBerry, somente 28% das adolescentes entre 11 e 16 anos consideram a possibilidade de trabalhar com o setor de TI, incluindo ainda que 90% das entrevistadas pela companhia descrevem a tecnologia como “masculina”. A influência de gênero se faz evidentemente quando se tem em conta que, a porcentagem de jovens de sexo masculino que desejariam trabalhar com o setor cresce, segundo a RIM, a uma taxa de 52%.

fonte: http://www.htmlstaff.org/ver.php?id=19106

Valéria disse...

Geralmente as mulheres estão alocadas na área das ciências humanas e da saúde, justamente pelas características de sensibilidade, compaixão, comunicação, sociabilização, etc. Mas há sim mulheres com capacidade de atuar nas áreas das ciências exatas e tecnologias. E não só são tão competentes quanto os homens, como também levam essas e outras características femininas ao ambiente de trabalho.
No mercado competitivo, não basta apenas ter conhecimento técnico. A tendência é o compartilhamento do conhecimento. Para isso, as empresas valorizam muito a capacidade de se comunicar e melhor interagir com outras pessoas. Nesse aspecto, as mulheres saem na frente ;)

Valéria disse...

Sobre o comentário de Alexandre:
Ainda há a cultura de profissões femininas e masculinas. Não só na área de TI observamos isso. Em profissões como policial, bombeiro, pedreiro, motorista, etc.
As crianças e adolescentes são influencias por essa cultura e não só na área profissional. As crianças aprendem que azul é de menino e rosa é de menina. Observam que o pai é empresário e a mãe é professora.
Aos poucos essa cultura vai mudar. Já está mudando.

Lilianeware disse...

As diferenças entre os sexos são conhecidas há tempos, inclusive possuem explicações científicas!!! Mas supor que as mulheres são menos competentes por estarem em minoria nas áreas das ciências exatas e tecnologia é um preconceito. Nós somos tão competentes qnto eles, e como citou a Valéria, com a vantagem da comunicação. O mercado d trabalho vem comprovando isso, como mostrou o post.

Valéria disse...

Não são só as mulheres que querem conquistar o espaço feminino. O contrário também acontece.
" O mapa da conquista masculina

ENFERMEIROS
O número de homens trabalhando no setor aumentou 25% nos últimos seis anos

SECRETÁRIOS
Há quinze anos não havia registro de homens nessa categoria. Hoje eles são 10% do total de profissionais

ATENDENTES DE CALL CENTER
Há dez anos eles representavam 10% da classe. Hoje, somam 30%

PROFESSORES INFANTIS
Nos anos 90, o número de professores aumentou 15% na pré-escola e 34% no ensino fundamental"

Fonte: http://veja.abril.com.br/300604/p_102.html